A utilização do corpo como meio para o ensino e aprendizagem de conceitos teórico-musicais foi um dos caminhos escolhidos pelos bolsistas do Pibib Música do Colégio Gastão para desenvolver suas intervenções durante a primeira unidade desde ano letivo. Para isso, três artistas da música brasileira serviram de pano de fundo: Dorival Caymmi, Dominguinhos e Luiz Gonzaga.
As intervenções, por parte dos pibidianos, foram realizadas durante as aulas de Artes distribuídas nas tardes de quinta-feira e sexta-feira, nas turmas do 1 ano do Ensino Médio (turmas A e B vespertinas) e 7 série (oitavo ano) do Ensino Fundamental(turmas A e B vespertinas). Os licenciandos em Música, Genivan e Bob Bulhões, foram os responsáveis pela primeira intervenção que contou com a observação atenta não somente dos alunos, mas também dos demais bolsistas.
Genivan e Bob Bulhões apresentando-se à turma
Bolsistas Alex (calça preta e blusa branca), Milly (calça jeans, blusa preta e bolsa preta no colo) e Larissa (blusa vermelha)
A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO PRÉVIA DAS AULAS
Apesar de os bolsistas do Pibid Música praticamente não terem tido muita oportunidade para realizar observações em sala de aula, por conta do calendário corrido e "atropelado" (feriados, paralisações etc), o desempenho de cada um durante a primeira unidade foi bem satisfatório, atingindo, pois, os objetivos principais estabelecidos durante as reuniões de ACs.
Friso a importância da observação prévia de aulas ministradas pela professora supervisora do grupo, nesse caso, Adriana Matos, por acreditar que o fazer docente é, principalmente, conseguir enxergar além dos conteúdos a serem ministrados. O como fazer e o saber fazer ainda perpassam, creio, pela necessidade de compreender que a escola é um lugar privilegiado para onde se afluem "as contradições do contexto social, os conflitos psicológicos, as questões da ciência e as concepções valorativas daqueles que compõem o ato pedagógico: o professor e os alunos". (CUNHA, 1989, p.24).
Perceber tais nuances do executar o trabalho em sala, ou seja, do ministrar a aula, do fazer pedagógico, indubitavelmente, atravessa o observar, o estar corpo a corpo, o se mostrar junto com. Desde o conhecer a estrutura física da escola onde iriam atuar até o permanecer no pátio, no momento do intervalo, sendo observado pelos olhares curiosos dos alunos e vice-versa, esse momento prévio das intervenções são indispensáveis para a preparação das futuras aulas propriamente ditas.
Abaixo, os pibidianos Larissa, Bob Bulhões, Alexandro, Alex e Genivan no pátio do colégio Gastão Guimarães em meio aos alunos e alunas, durante o intervalo, na tarde de 10 de abril de 2014.
Aproveitaram esse momento para se aproximarem de alguns alunos, conhecer sua relação com a música e falar um pouco sobre o trabalho que o Pibid reservava para a escola durante aquela unidade.
Momento descontração junto com o público alvo do trabalho foi considerado pelos pibidianos mais que necessário no processo de aprendizagem do aprender a ser professor e professora.
AS INTERVENÇÕES: a sala de aula como ela é
Morato e Gonçalves (2008, apud. PROTÁSIO, pp. 116-117) lembram que o exercício profissional da docência situa-se além da aplicação de teorias aprendidas na academia. Para estas autoras, "a observação assume uma função importante para o professor poder se inteirar das situações instáveis e indeterminadas que a realidade da sala de aula lhe reserva".
Tais imprevistos, tão comuns em sala, passam a desafiar os acadêmicos que se propõem a intervir em sala de aula sob a supervisão do professor regente e, nessas situações, o planejamento é aliado número um do bolsista, bem como a sua capacidade de ser flexível frente a algum recurso danificado, uma metodologia que não atinge a todos os alunos de forma significativa ou mesmo a avaliação escolhida para diagnosticar o aprendizado do conteúdo apresentado.
Nesta perspectiva, Cunha (1989), comungando com as autoras citadas acima, salienta então que o papel do professor não deve resumir-se ao ensinar somente. Por isso, a importância do Pibid em pensar na perspectiva de trabalhar a iniciação à docência como uma oportunidade de o acadêmico, ainda cursando a licenciatura, poder se deparar com "alunos reais em situações definidas. E nesta definição interferem os fatores internos da escola, assim como as questões sociais mais amplas [...]" (CUNHA, 1989, p.p. 24-25)
Por entender, portanto, que a formação do docente é um processo contínuo e permanente, e que o fazer didático-pedagógico não se dá longe de teóricos, menos ainda distante da realidade da comunidade escolar, é que as intervenções na Unidade I, por parte dos bolsistas do Pibid Música 2014, acredito, não serviram apenas para que os bolsistas vivenciassem a dinâmica da escola pública, mas proporcionaram a estes condições de perceber o papel da música na sala de aula e, principalmente, seus silêncios e ausências ainda tão presentes no nosso cotidiano escolar. Abaixo, algumas fotos de intervenções realizadas no mês de maio.
Intervenção da dupla Bob Bulhões (próximo à mesa) e Genivan (com violão). Na próxima postagem, a experiência da primeira intervenção sob o olhar do bolsista Alexandro (de blusa branca, em pé à porta)
Intervenção da dupla Alexandro (blusa branca) e Alex. Luiz Gonzaga ganhou voz
e ritmo com o trabalho desses alunos.
O bolsista Alex convida os alunos a experimentarem o trabalho
de percussão corporal a partir do baião de Gonzaga.
O trabalho com percussão corporal (tema a ser detalhado em postagem posterior) também fez parte da intervenção das bolsistas Milly e Angela, a partir da obra do artista Dominguinhos.
A bolsista Larissa, durante a apresentação do Pibid Música à comunidade Gastão, falou da importância da intervenção e suas expectativas em relação ao projeto.
Por Adriana Matos
Professora Especialista - Supervisora Pibid Música Gastão 2014
Neste post, utilizei como suporte teórico dois textos, os quais podem ser encontrados aqui:
CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. Campinas, SP, Papirus: 1989. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=LcDDvVIQy1QC&pg=PA149&dq=observa%C3%A7%C3%A3o+em+sala+de+aula&hl=pt-BR&sa=X&ei=AkW4U42kKJKZyATfk4AY&ved=0CCIQ6wEwATgK#v=onepage&q=observa%C3%A7%C3%A3o%20em%20sala%20de%20aula&f=false.
SILVA, Alessandra Nunes de Castro. O PIBID e o ensino de música no Colégio Dom Abel. In: PROTÁSIO, Nilceia [org]. Música, escola e iniciação à docência: reflexões e experiências da educação básica. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, FUNAPE: 2013. pp. 12-24.
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