AXÉ GOSPEL EXISTE?
Por
Adailton Neres
No
projeto dos 30 anos de Axé Music, temos mostrado uma gama de elementos desde
seu inicio até os dias de hoje. Aulas expositivas com conteúdos que aproximam
ainda mais os estudantes deste universo musical.
Contudo,
neste processo, algo nos chamou atenção, pois para alguns o fato do Axé ter
influências africanas e a associação com o credo religioso, fizeram com que
muitos tivessem uma resistência em aceitar a nossa proposta, onde percebemos
claramente que muitos deles quando abordávamos alguns aspectos específicos do
gênero comentavam: “Deus é mais!”.
Nesta
perspectiva, resolvemos de fato lidar com essa situação de forma mais precisa,
com embasamento para que pudéssemos desmistificar esse preconceito que existe
em relação ao Axé.
Vimos
que no contexto gospel, principalmente aqui na Bahia, existem grupos, bandas e
cantores que desenvolvem um ritmo contagiante, mas trazendo a sua mensagem
religiosa. Foi assim que desenvolvemos uma aula na qual trabalharíamos isso de
forma lúdica, onde eles pudessem desconstruir o preconceito sem perder suas
crenças, afinal estávamos trabalhando o ritmo do Axé no contexto gospel, tão
somente.
Debatemos
e vimos que muitas coisas estavam internalizadas do contexto ondem viviam.
Trabalhamos o ritmo corporal com os estudantes e logo após cantamos músicas
como: Eu sou de Jesus, do cantor Lázaro (ex-integrante do Olodum), que trouxe o
ritmo para o mundo religioso, cantamos a música “Raridade”, bastante conhecida
deles, do cantor Anderson Freire que não
faz arte do contexto do Axé, mas tem elementos do mesmo. Mostramos vídeos de
outros cantores como: Pierre Onassis; Cid Guerreiro e outros que migraram para
esse contexto sem perder o ritmo do axé, além de outros cantores como Ana Paula
Valadão, que com o grupo “Diante do trono”, gravou um DVD em Salvador, intitulado
“Esperança”. Nesse DVD, há a música “Quem é Deus como nosso Deus”, que traz o
grupo “Tambores ungidos” e toca o ritmo envolvente que é o Axé. Com isso, os
estudantes entenderam a importância do gênero musical e a relação com o nosso
cotidiano, além de respeitar as crenças, independente do ritmo e de suas
origens.
Enfim,
Conseguimos desenvolver através disto, aspectos positivos para que eles possam
reconstruir o axé na visão gospel sem a perspectiva preconceituosa.
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